Opinião – Sobre fraternidade e superação da violência

No dia 14 de fevereiro, data de começo do período da Quaresma, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) lançou oficialmente a Campanha da Fraternidade 2018, cujo tema e lema são “Fraternidade e Superação da Violência” e “Vós sois todos irmãos” (Mt 23,8), respectivamente. O assunto tem alta relevância para um país em que a taxa de homicídios – principal índice para mensurar a violência – alcançou 28,9 mortes a cada grupo de 100 mil habitantes. A discussão é igualmente importante para Pelotas, onde a Câmara de Vereadores se prepara para votar o Código de Convivência, parte da medida municipal batizada de Pacto Pela Paz.
A iniciativa da Igreja Católica aponta neste ano formas e tipos de violência no Brasil, em especial àquelas contra grupos sociais vulneráveis, como negros, jovens e mulheres. Ao mesmo tempo, defende a necessidade de criação e execução de políticas públicas que assegurem os direitos fundamentais aos cidadãos e o estabelecimento da cultura da paz, tal qual se propõe a alcançar o pacto do município de Pelotas.
A Universidade Católica de Pelotas, que na última década viu emergir em seu entorno uma onda de violência sem fim e o desrespeito diário com a coletividade, entende que a campanha chega em momento importantíssimo para a cidade. Mesmo que o Pacto Pela Paz tenha imperfeições, a serem discutidas agora no âmbito Legislativo, acreditamos que o seu desejo final é louvável e muito maior do que suas polêmicas. Afinal, a proposta não está restrita à redução da criminalidade com medidas repressivas, mas defende a prevenção à violência e a promoção da paz a partir de ações de toda a sociedade, tal qual a Campanha da Fraternidade.
Em vez de repassar ao governo do Estado a responsabilidade por estancar o avanço da criminalidade e da violência, Pelotas adota postura corajosa e chama para si essa tarefa ao integrar forças policiais e outros setores da sociedade, a fim de aumentar a sensação de segurança, garantir o sossego público, a inclusão social de grupos vulneráveis e o combate à ilegalidade. Tudo em favor da defesa de seus cidadãos.
A UCPel reconhece esse gesto e acrescenta que é necessário educar nossa comunidade para a vida em fraternidade, com base na justiça e no amor, como propõe o Evangelho, tendo em vista uma sociedade justa e solidária, de forma que sejam superadas também outras formas de violência, como a miséria e a falta de uma vida digna.
Esse cenário pode ser resumido nas palavras do Papa Francisco em sua mensagem ao Brasil pelo lançamento da Campanha da Fraternidade: “Sejamos protagonistas da superação da violência fazendo-nos arautos e construtores da paz. Uma paz que é fruto do desenvolvimento integral de todos, uma paz que nasce de uma nova relação também com todas as criaturas. A paz é tecida no dia a dia com paciência e misericórdia, no seio da família, na dinâmica da comunidade, nas relações de trabalho, na relação com a natureza. São pequenos gestos de respeito, de escuta, de diálogo, de silêncio, de afeto, de acolhida, de integração, que criam espaços onde se respira a fraternidade: ‘Vós sois todos irmãos’ (Mt 23,8)”. 
Sendo assim, vamos dar as mãos e valorizar a convivência e o exercício de nossa cidadania. Vamos juntos construir a cultura da paz e vivenciar a virtude da tolerância, fazendo com que nossas atitudes tenham reflexos diretos na superação da violência e do crime. Esta é a melhor forma de aderirmos à Campanha da Fraternidade e ao Pacto Pela Paz.
Universidade Católica de Pelotas

foto da notícia